O que é ESG? A sigla quer dizer (E)nvironmental, (S)ocial e (G)overnance e é utilizada para medir o grau de comprometimento que empresas têm com esses três pilares fundamentais para o desenvolvimento de modelos de negócios que atendem a demandas da sociedade.
Leia nossa publicação e saiba tudo sobre o assunto.
Tabela de Conteúdo
- O que é ESG – O Pilar Ambiental (ENVIRONMENT);
- O que é ESG – O Pilar Social;
- O que é ESG – O Pilar da Governança (Governance)
- O que é uma empresa ESG?
- Quem define se uma empresa atende a requisitos ESG?
- Empresas brasileiras mais comprometidas com a agenda ESG
- Porque vale a pena para uma empresa ser ESG?
- ESG – Tendência ou Modismo?
O QUE É ESG – O PILAR AMBIENTAL (ENVIRONMENT)
Em português ENVIRONMENT quer dizer AMBIENTAL, e esse pilar tem o objetivo de analisar qual é o grau de preocupação da empresa em reduzir as externalidades da sua operação e qual é a seu nível de comprometimento com práticas de sustentabilidade empresarial.
É dizer: o que a empresa está fazendo para reduzir seu impacto no meio ambiente e quais medidas está tomando para incentivar uma agenda que seja positiva do ponto de vista ambiental.
Algumas medidas que são utilizadas por grandes empresas como fator de cuidado AMBIENTAL referem-se a diminuição de poluentes das suas operações, maior eficiência do uso da água e do uso da energia e a gestão de resíduos adequada.
A Odontoprev, empresa de planos odontológicos listada na bolsa brasileira, apresenta a sua preocupação em gerir os resíduos específicos da sua operação.
É o caso da reciclagem da amálgama, que é um material usado em procedimentos cirúrgicos em odontologia e é composto de metais pesados e tóxicos como o mercúrio e a prata.
Abaixo apresentamos a preocupação da empresa, exposta em seu site, com a reciclagem desse material e os resultados quantitativos desta medida.
“Ciente da importância de reciclar esse material, a Odontoprev mantém parceria com a USP e com a rede credenciada de cirurgiões-dentistas, para o desenvolvimento de novas tecnologias para a reciclagem do amálgama. O projeto envolve negociação com órgãos públicos das áreas de saúde e meio ambiente, como Cetesp (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), Ipem (Instituto de Pesquisas e Medidas) e secretária de Saúde de São Paulo. Além disso, a embalagem e o transporte do amálgama são especiais e certificados pelo IPT (Instituto de pesquisas Tecnológicas).Desde o início do projeto, em 2015, cerca de 3.100 cirurgiões-dentistas credenciados aderiram à iniciativa e já enviaram 18 quilos de amálgama, dos quais foram recuperados aproximadamente 8 quilos de mercúrio e de prata.”
O QUE É ESG – O PILAR SOCIAL
No pilar SOCIAL a empresa é avaliada pelo seu comprometimento ao engajamento de demandas apresentadas pela sociedade civil.
Essa avaliação ocorre tanto pelo comprometimento interno, como por exemplo, estimular uma maior diversidade cultural, étnica e racial no quadro de funcionários da empresa, como externamente através do apoio a projetos sociais que façam parte do público de interesse (stakeholders) desta mesma empresa.
Em nossa instituição temos exemplos de organizações como a PUC-Rio, Instituto C&A, Sociedade Brasileira Cultura Inglesa, Cookie pelo Bem, Instituto ProFarma e a Embaixada da Nova Zelândia que acreditaram em nosso trabalho e investiram no social através do financiamento de projetos sociais que nossa instituição desenvolve.
Há pouco tempo a empresa Magazine Luiza ficou em evidência por ter criado um processo seletivo para trainee apenas para pessoas negras. A ação causou muita repercussão nas redes sociais e opiniões divergentes surgiram no debate desta questão.
Luiza Trajano, CEO da empresa, argumentou que por conta do racismo estrutural, muitas vezes pessoas negras, ainda que tenham competência e as habilidades necessárias, raramente chegam a posições de liderança no conselho executivo da empresa.
Essa foi uma ação, entre outras empreendidas pela Magazine Luiza, para estimular um quadro de funcionários onde a relação de funcionários brancos e negros na diretoria da empresa seja mais equânime e justa.
Algumas outras métricas avaliadas para saber se a empresa é comprometida com o SOCIAL da sigla ESG podem ser: melhores condições no ambiente de trabalho, garantir a segurança de dados de clientes e funcionários, garantir um relacionamento saudável e um impacto positivo na comunidade onde atua.
O QUE É ESG – O PILAR DA GOVERNANÇA (Governance)
No pilar de governança, as empresas são avaliadas pelo grau de comprometimento com a transparência dos seus dados fiscais, pelo nível de comprometimento com práticas anticorrupção e práticas de enfrentamento corporativo ao racismo, sexismo e etarismo (discriminação por idade).
A Energias do Brasil apresenta em seu relatório de sustentabilidade a diversidade de membros do conselho divididos por idade e por sexo.
Também são consideradas práticas de boa governança uma comunicação clara com os acionistas, sejam eles minoritários ou majoritários e a promoção de uma maior diversidade racial, cultural e étnica dos membros que compõem o conselho da empresa.
O pilar de governança é muito importante para investidores que tem interesse em aportar capital em uma empresa, seja ele um investidor individual ou um grande fundo de investimento.
A importância deste pilar para os investidores se justifica pela necessidade maiores informações sobre a gestão e suas práticas para tomar uma decisão de aporte de capital na empresa.
Quanto maior for a transparência dos dados que a empresa fornece para o potencial investidor, maiores serão as chances de que o capital seja alocado na empresa.
O que é uma empresa ESG?
E como saber se uma empresa é de fato comprometida com as políticas de ESG?
Existem muitas formas de analisar qual é o comprometimento de uma empresa com as políticas ambientais, sociais e de governança.
Pelo fato destes pilares estarem cada vez mais sob análise de investidores nacionais e internacionais, a maioria das empresas de capital aberto reporta seus resultados em relatórios de ESG ou de sustentabilidade no seu site de Relações com Investidores (RI), como é o caso da Energia dos Brasil, da Odontoprev, da Engie, entre outras.
É natural que a depender do tipo de operação de uma empresa, que ela tenha uma maior preocupação com projetos na área ambiental do que projetos na área social.
Uma forma de entender melhor qual é o grau de uma empresa com as políticas ESG é realizar uma avaliação integrada dos pontos de comprometimento da empresa.
Na imagem acima é possível ver a análise que o Banco Itaú faz de empresas para saber se elas se adequam ao perfil ESG. De acordo com o banco:
A integração de questões ESG na avaliação de empresas tem como objetivo gerar valor por meio da obtenção de um retorno mais ajustado ao risco dos portfolios. Analistas cientes do impacto financeiro de questões ESG podem tomar melhores decisões de investimento. Então, integramos aspectos que a análise financeira tradicional não irá olhar. O impacto gerado por essas práticas é muito grande quando consideramos a mudança de comportamento que causamos nas empresas que investimos, gerando valor na medida em que as empresas enderecem adequadamente temas ESG relevantes às suas operações.
Quem define se uma empresa atende a requisitos ESG?
Normalmente quando as empresas querem realizar um diagnóstico dos seus critérios de ESG, ela contrata uma empresa independente e terceirizada para que possa realizar todo o processo de entendimento dos três pilares do ESG e qual é o grau de comprometimento da empresa com cada pilar.
Normalmente as empresas que realizam esses estudos conseguem apresentar métricas quantitativas muito bem desenhadas para que se possam fazer proposições de melhorias (caso a empresa tenha interesse em adotar uma metodologia baseada em ESG) em processos internos e também como uma maneira de poder criar rankings de comparação entre as empresas mais socialmente responsáveis.
Empresas como Bloomberg, Just Capital, MSCI, S&P Dow Jones e a Refinitiv realizam esse trabalho.
Empresas brasileiras mais comprometidas na agenda ESG
Atualmente no Brasil não temos um índice específico sobre as empresas que estão em estágios mais avançado em seus procedimentos de ESG.
Porém, a B3 (bolsa de valores brasileira), anunciou que o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) sofrerá mudanças em sua metodologia para poder apresentar de forma clara e rankeada quais são as empresas que estão à frente quando o assunto é a adoção de práticas do ESG.
O Ranking do Índice de Sustentabilidade Empresarial de 2020 é apresentado abaixo: (os resultados de 2021 só ficam prontos no final de 2021)
1 – Aes Tiete (Geradora de energia elétrica)
2 – Engie (Geradora de energia elétrica)
3 – Fleury (Medicina diagnóstica)
4 – M. Dias Branco (Alimentos)
5 – Santander (Serviços Bancários)
6 – Bradesco (Serviços Bancários)
7 – Energias do Brasil (Geradora, transmissora e distribuidora de energia elétrica)
8 – Itaú Unibanco (Serviços Bancários)
9 – Natura (Cosméticos)
10 – Cemig (Concessionária de Energia Elétrica)
Por que vale a pena para uma empresa ser ESG?
Cada vez mais as empresas estão sendo convocadas a participar ativamente da aceleração de mudanças que são entendidas como necessárias em nossa sociedade.
Se nos anos 1960 não se preocupar com as externalidades que uma empresa causava ao meio ambiente era algo aceitável e comum, hoje esse mesmo comportamento não é mais aceito pela sociedade, que sinaliza para o setor empresarial que ele pode e deve ser um incentivador de boas práticas de sustentabilidade.
Antigamente, quando uma empresa se instalava em uma região próxima a alguma comunidade carente, era entendido que ela não tinha nenhum tipo de responsabilidade em ajudar os moradores daquela comunidade a terem uma condição de vida melhor.
Hoje, entende-se que a empresa, caso tenha os meios, pode e deve ajudar a comunidade local a se desenvolver com projetos e parcerias com organizações locais.
No passado também não havia a preocupação de uma empresa incentivar a participação de minorias em seu quadro de funcionário ou que existisse uma relação de homens e mulheres no quadro de funcionários que fosse minimamente igualitária.
Todas essas demandas, são demandas da própria sociedade e as empresas respondem as tais demandas.
As empresas visando atrair maiores investimentos e buscando resignificar seu papel na sociedade iniciam um processo de resposta a essas demandas da sociedade que em última análise são positivas, tanto do ponto de vista dos negócios, como do ponto de vista social, ambiental e de governança.
Do ponto de vista do investidor, uma empresa que tem compromissos sérios com uma agenda ESG, acaba sendo traduzido em um investimento de menor risco.
É dizer: se uma empresa guia suas operações por uma agenda ESG, as chances de que ocorram falhas graves nos seus negócios são diminuídas.
Por exemplo, uma empresa que divulga seus dados ESG de forma sistemática na área ambiental está fornecendo dados relevantes para os investidores que querem evitar investir em empresas que tem alto risco de causar danos ambientais em suas operações.
Um exemplo recente no Brasil foi o caso desastro de Brumadinho envolvendo a empresa de mineração Vale. A empresa perdeu R$70 bilhões de valor de mercado logo após o ocorrido. O investidor que busca segurança, olharia para os dados de ESG ambiental da empresa de forma mais meticulosa e de maneira a proteger seu investimento.
Ainda que a empresa tenha recuperado as perdas no seu valor de mercado, muitos investidores preferem não investir em empresas que podem apresentar esses “sustos” em sues investimentos.
ESG – TENDÊNCIA OU MODISMO?
O debate sobre ESG ser apenas uma agenda de greenwashing é um debate justo e que deve ser feito.
No passado quando o assunto de sustentabilidade empresarial começou a ganhar maior destaque nos debates da sociedade civil e o setor empresarial, muitas empresas de grande porte apenas realizavam medidas insuficiente e que foram consideradas greenwashing.
É dizer: a empresa apenas se pintava como sendo ambientalmente responsável, principalmente em seus esforços de marketing e comunicação, mas essa mesma preocupação ambiental não era encontrada em seus processos e em sua operação.
Uma forma de entendermos se o mercado de fato esta entendendo a agenda ESG como algo que veio para ficar é o montante financeiro que fundos ESG estão recebendo de investimento.
Fundos ESG são aqueles em que o investidor tem a possibilidade de investir apenas em empresas comprometidas com a agenda ESG. Portanto, é um fundo de ações onde a carteira de investimento é formado apenas de empresas onde a pauta ESG é relevante e de fato é implementada.
Dados do último relatório da Credit Suisse, o “Global ESG Research – What ESG investors buy and sell” apontam que a captação líquida para fundos ESG foi de U$95 bilhões no primeiro semestre de 2021, um sinal de que a busca por esse tipo de investimento permanece relevante mesmo em um cenário de crise global.
Entre as regiões com maior captação a Europa é líder disparada nos investimentos em ESG, representando 76% do valor investido.